CIRURGIA REPARADORA PARA FERIDAS COMPLEXAS

entenda quais são os tipo de feridas complexas e quais tratamentos
Feridas Complexas são lesões produzidas na pele podendo atingir, também, os tecidos subcutâneos, músculos e ossos em decorrências de traumas ou ferimentos.

O que são feridas complexas

Feridas Complexas são resultados da perda da cobertura cutânea, não apenas da pele, mas também dos tecidos subcutâneos, músculos e ossos. 

Podem ser conceituadas como “quebras da solução de continuidade das estruturas do corpo” ou como “ruptura das estruturas e funções normais dos tecidos”. 

Podem ser causadas por traumas que tenham origem interna ou externa ao tecido afetado e variam desde uma lesão aguda e controlada até uma agressão generalizada.

Com o aumento da expectativa de vida da população, há incidência crescente das doenças que acompanham o envelhecimento (cardiopatias, neoplasias, diabetes mellitus, hipertensão arterial). 

Tais condições aumentam a prevalência e a complexidade das feridas e retardam sua resolução.

O trauma configura, hoje, a principal causa de morte que pode ser prevenida e atinge, principalmente, os adultos economicamente ativos, com grande impacto social. 

Isso também colabora para o surgimento de feridas graves, de tratamento complicado e prolongado.

Com o aumento da longevidade e da prevalência das vítimas de trauma nos hospitais, a elevação da frequência das feridas ditas “difíceis” tem atraído a atenção não apenas de médicos e enfermeiros, mas também de administradores da área da saúde, preocupados com o impacto dos custos do tratamento dessa enfermidade.

No hospital, os cuidados com esses pacientes estão geralmente associados com tempo de internação prolongado, uso de antibióticos de custo elevado e necessidade de curativos diários, com mobilização de grande equipe de profissionais especializados.

História do tratamento de feridas

O tratamento das feridas é, provavelmente, uma das áreas mais antigas da Medicina. Evidências arqueológicas indicam que, já na pré-história, os extratos de plantas, frutas, lama, água e gelo eram aplicados sobre as feridas. 

Os antigos egípcios usavam tiras de pano para manter as bordas da lesão unidas, pois acreditavam que uma ferida fechada curava-se mais rapidamente do que uma aberta.

No século IV a.C., Hipócrates orientava o tratamento das feridas: “Derreta a gordura de um porco velho e misture com resina e betume, espalhe em uma peça velha de roupa, esquente-a no fogo, aplique-a como atadura“. 

Ambroise Pare, Século XVI, introduziu a necessidade de desbridamento, aproximação das bordas e uso de curativos. Lister, no Século XIX, desenvolveu o conceito da antissepsia da pele e do material cirúrgico, colaborando para a resolução das feridas.

tipos de feridas complexas

Feridas traumáticas

As Feridas Complexas consideradas traumáticas são aquelas causadas por trauma grave, resultando em lesões com extensa perda cutânea e com prejuízo na viabilidade tecidual, como ferimentos descolantes nos membros inferiores, amputações de membros e de dedos, além de contusões, lacerações e grandes esmagamentos, com exposição de tecidos nobres. 

As Queimaduras mais extensas e profundas podem ser consideradas complexas, mas, tradicionalmente, são separadas e tratadas em centros especializados.

Feridas Cirúrgicas complicadas

As Feridas Complexas resultantes de cirurgias complicadas apresentam um quadro de deiscência (abertura espontânea dos pontos) de incisões de cirurgia prévia, em geral associadas à infecção ou isquemia tecidual, e agravadas pelas condições clínicas dos pacientes. 

As feridas necrotizantes apresentam infecção agressiva dos tecidos, com disseminação para os planos profundos e necrose tecidual, como nas celulites graves e na síndrome de Fournier, encontradas, principalmente, em pacientes com imunossupressão ou com alguma doença associada.

Feridas crônicas

Entre as Feridas Complexas consideradas crônicas destacam-se as Escaras ou úlceras por pressão, que se desenvolvem pela isquemia tecidual prolongada causada pela pressão mantida dos tecidos moles entre uma proeminência óssea e uma superfície dura.

Acontecem em indivíduos acamados por longos períodos, paraplégicos e tetraplégicos. As úlceras venosas nos membros inferiores representam a complicação da insuficiência venosa crônica. 

As feridas diabéticas surgem mais comumente nas extremidades dos membros inferiores e são resultantes de neuropatia e da macro e microangiopatia que o diabetes provoca, associado ao prejuízo do processo de cicatrização.

Feridas complexas da vasculite

As Feridas Complexas associadas à vasculite surgem com o acometimento inflamatório dos vasos sanguíneos ou por imunossupressão, que ocorrem em diversas doenças, tais como artrite reumatoide, lúpus, esclerodermia, dermatomiosite, anemia falciforme, etc. As feridas pós-radiação manifestam-se como radiodermite ou radionecrose e são sequelas da radioterapia para o tratamento de neoplasias.

Tratamento das feridas complexas

Tratamento conservador (não cirúrgico)

A conduta conservadora geralmente é adotada nos pacientes sem condições clínicas para serem submetidos ao tratamento cirúrgico, nas feridas pequenas e superficiais, e naquelas em estágios iniciais do seu desenvolvimento. 

A terapia conservadora compreende o uso de curativos (carvão ativado, hidrocoloide, sulfadiazina de prata), de desbridantes tópicos (papaína, colagenase, alginato de cálcio, hidrogel), de emolientes e de medidas sócio educativas (limpeza local da ferida e mudança dos hábitos de vida).

Tratamento cirúrgico

O tratamento cirúrgico é indicado para as feridas extensas e/ou profundas, com exposição de tecidos nobres, relacionadas às superfícies ósseas de apoio, associadas com graves doenças sistêmicas ou infecções e nos casos de amputações digitais. 

Os procedimentos cirúrgicos foram agrupados em desbridamentos cirúrgico e enxertos de pele, isolados ou associados à terapia por pressão negativa (sistema a vácuo), retalhos pediculados ou retalhos microcirúrgicos, e reimplantes digitais.

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