Toda cicatriz vira queloide? Tomar sol atrapalha?
Toda cicatriz pode virar um queloide? A cicatrização varia se a pessoa é negra, branca ou amarela? Tatuagem sobre a cicatriz aumenta o risco de infecção? A maioria das pessoas tem pelos menos uma, seja por uma vacina tomada, um acidente ou um procedimento cirúrgico. Mas, os cuidados para que as cicatrizes não virem tecidos doentios – como um queloide – são muitos.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), J. N. Prado Neto, a formação do queloide é muito rara. “As cicatrizes hipertróficas e queloides, apesar de doentias, são a princípio tumores benignos. Mas, eventualmente, o queloide pode se tornar um câncer“.
O aparecimento destes tecidos doentios varia de acordo com inúmeros fatores, como a raça e a genética. “A cicatriz varia de acordo com inúmeros fatores, entre os mais relevantes está o racial. É sabido que os indivíduos da raça branca têm uma cicatrização normalmente melhor. À medida que a pele vai escurecendo, teoricamente, a cicatriz piora, por conta do excesso de colágeno e de fibra elástica que existe que estimulam uma cicatriz hipertrófica, exuberante, ou a formação de um queloide“, explica. Prado salienta que a incidência de cicatrizes doentias é ainda maior na raça amarela, como em japoneses, chineses e coreanos.
Para disfarçar, muitas pessoas optam por cirurgias plásticas, mas esta só é capaz de diminuir a evidência da cicatriz e, na maioria das vezes, em um tempo determinado. “Quando você tem cicatrizes queloidianas, o cirurgião retira a cicatriz e, no máximo 48 horas depois, envia o paciente para radioterapia chamada estrôncio terapia, que é semelhante à aplicada em casos de câncer. O raio emitido para na derme e detona as células responsáveis pelo queloide. Se o procedimento demorar mais tempo, não será eficaz“, diz o cirurgião.
Tatuagem
A tatuagem também pode ser uma maneira de se disfarçar uma cicatriz, como em casos de mastectomia, em que o paciente retira a mama. Segundo o cirurgião plástico e membro da SBCP Wagner Montenegro, a tatuagem ou micropigmentação não interfere na recuperação nem prejudica a saúde do paciente, mas é recomendado que seja feita após seis meses da cirurgia.
O processo de cicatrização passa por três períodos distintos, evoluindo ao todo dentro de um ano e meio.
O primeiro é o imediato, que vai do dia da sutura, quando acabou de fechar o ferimento, até 42 dias depois. O segundo é o período mediato, que é quando a cicatriz piora, pois fica com exuberância de colágeno, mais vermelha, saliente e coça mais. Este termina no final de um ano. O terceiro e último período é conhecido como tardio, que vai de um ano até 18 meses. Nesta fase há “uma verdadeira dissipação dos vestígios cicatriciais“, diz Prado.
Evitar exposição ao sol pode ser decisivo para uma cicatriz. O dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD) Emerson de Andrade Lima alerta para o uso de protetor solar de amplo espectro, pois, em caso de grandes cicatrizes, a área afetada não consegue eliminar o calor através do suor, comprometendo a temperatura corporal. No caso de pequenas cicatrizes, o único cuidado é evitar tomar sol enquanto a cor da lesão não tiver adquirido a tonalidade normal da pele.
Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) – Regional SP
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